DOI: 10.1590/S0004-27492003000400028
VÁRIAS
Obituário
Evaldo Campos
1915 - 2003
Evaldo Campos não será lembrado apenas pelo muito que realizou como médico e oftalmologista.
Formado na turma de 1937 da Faculdade de Medicina da Universidade do Rio de Janeiro, entrou para Membro Titular da Sociedade Brasileira de Oftalmologia em 1938. Recebeu o diploma de Membro Emérito em 1988 e, neste mesmo ano, o de Membro Honorário.
Sócio Titular do Conselho Brasileiro de Oftalmologia integrou por muitos anos as Comissões "Eminentes da Oftalmologia", "Memória da Oftalmologia Brasileira" e por último a "Relatores da História do CBO e da Oftalmologia Brasileira".
Foi médico da Caixa dos Ferroviários e Servidores Públicos, depois IAPFESP, onde, iniciando na especialidade, trabalhei com ele. Sua disciplina profissional, a intolerância com o que não achava correto e a boa vontade em ensinar, muito influenciaram minha formação e para sempre me tornaram seu amigo e admirador.
Teve uma carreira profissional coroada de sucessos: Professor Assistente de Oftalmologia da Escola Aperfeiçoamento Médico da PUC-RJ; Prêmio Abreu Fialho da SBO (1944); Prêmio Moura Brasil da Academia Nacional de Medicina (1950); Medalha Prof. Moacyr Álvaro do Centro de Estudos Moacyr Álvaro. Publicou o Dicionário Bio-Bibliográfico dos Oftalmologistas do Brasil em 1979 e mais de 80 trabalhos científicos.
Dedicado à SBO nela desenvolveu um trabalho de grande importância, integrando o rol daqueles que mais contribuíram para seu engrandecimento. Exerceu diversos cargos de Diretoria, em diferentes períodos, inclusive a Presidência no biênio 1955/1956. Nesta gestão foi adquirida a primeira sede própria da Sociedade Brasileira de Oftalmologia, na Rua México, 111. Posteriormente, como tesoureiro do II Congresso Luso-Hispano-Brasileiro, teve participação significativa na arrecadação de fundos que viabilizaram a compra da sede atual.
Sem dúvida, na Sociedade, seu interesse maior era a Revista Brasileira de Oftalmologia, de cuja fundação em 1942 participou e da qual nunca se desvinculou, mesmo depois de doá-la à Sociedade. Durante décadas fez a revisão dos trabalhos publicados e mantinha-se ligado a tudo que a ela se referisse, nunca deixando de interferir se com alguma coisa não concordasse.
Evaldo Campos será lembrado também por suas qualidades pessoais. Caráter íntegro, afável, gestos concisos, um verdadeiro cavalheiro, era de convivência agradável. Muito franco não deixava dúvidas quanto às suas opiniões. Enquanto exerceu a clínica o fez de maneira extremamente ética, um exemplo de dedicação e respeito à boa prática da medicina.
Deixa D. Carlota, companheira de toda a vida, grande influência moderadora; os filhos Cláudio, Evandro e Celina, e uma legião de amigos saudosos.
Sai do nosso cotidiano e entra para sempre, ao lado dos que muito fizeram pela nossa especialidade, na história da Oftalmologia e na memória da Medicina Nacional.
Carlos Fernando Ferreira
Membro do Conselho Consultivo da SBO
Obituário
Prof. Dr. José Carlos Reys
23/08/1932 a 27/07/2003
O Professor Dr. José Carlos Reys nasceu em São Paulo no dia 23 de agosto de 1932. Em plena revolução Constitucionalista de São Paulo e nessa cidade viveu toda a sua vida. Foi um autêntico representante da elite qualitativa da cidade de São Paulo e um ser humano superior. Sua vida sempre refletiu o máximo respeito pelos outros seres humanos e a todos tratava da mesma maneira. Com carinho e dignidade. Uma de suas frases preferidas referia-se à beleza da medicina quando "Médico é gente tratando de gente".
Desde que se formou em 1959, no Curso Médico da Escola Paulista de Medicina, José Carlos Reys trabalhou intensamente nos ambulatórios do Hospital São Paulo e do Centro de Estudos Moacyr Álvaro. Lá, deu seguimento aos trabalhos iniciais de Moacyr Álvaro e de 1962 a 1990 foi responsável pelo Serviço de Glaucoma da Escola Paulista de Medicina. Doutor em Medicina, foi também o 1º Presidente da Sociedade Brasileira de Glaucoma, Professor de Graduação e Pós-Graduação. Inúmeras vezes homenageado por alunos de diferentes níveis, escreveu, orientou e examinou teses. Foi autor de muitos trabalhos nacionais e internacionais mas fez muito mais.
Como Chefe do Departamento de Oftalmologia da UNIFESP e Presidente do Instituto da Visão da UNIFESP, nesses últimos 30 anos ajudou a construir uma cultura de respeito à dignidade do paciente que procura o SUS, tratando-os não somente com a melhor técnica e aparelhos mais modernos mas igualmente com carinho, atenção e respeito. Amigo de todos, médicos, alunos, funcionários, professores, diretores, reitores e pacientes, ao contrário de muitos que quando saem do poder perdem tudo, José Carlos Reys manteve sempre o apoio e a admiração dos que os cercaram nesses anos todos.
Prova disso foi a inauguração, depois de sua aposentaria compulsória, em setembro do ano passado, da Unidade de Ensino e Pesquisa do Instituto da Visão com o "Edifício José Carlos Reys".
Foi um grande clínico de grande clínica e excelente cirurgião e mais que tudo um Professor de Escola que não asfixia alunos para tê-los inferiores aos Professores mas feliz em tê-los melhores que os próprios Professores. José Carlos Reys faleceu no dia 27 de julho de 2003 aos 70 anos de idade, prematuramente, em função de complicações de um câncer pulmonar. Doou seus olhos para a pesquisa e para permitir que outros pudessem ver. Mais duas pessoas, além das outras milhares que ele também ajudou a enxergar e ver o que fazer para melhorar a vida de todos. Levou consigo em sua última morada a camisa do Departamento de Oftalmologia Instituto da Visão do Hospital São Paulo UNIFESP. Ele, mais do que ninguém vestiu essa camisa, ensinou e repartiu os ideais de todos nós que tratamos agora de seguir a sua orientação, seus passos e lições.
Instituto da Visão UNIFESP