Abstract
Objetivo: Avaliar o impacto do isolamento social devido à pandemia COVID-19 sobre o número de casos novos e abordagens terapêuticas.
Métodos: Estudo retrospectivo por revisões de prontuários de novos pacientes tratados antes da pandemia, de março de 2019 a setembro de 2019 (grupo pré-pandemia), e durante a pandemia, de março de 2020 a setembro de 2020 (grupo pandemia). Dados analisados incluíram idade, sexo, etnia, local de origem, diagnóstico clínico, tempo desde o encaminhamento e terapia proposta.
Resultados: Um total de 186 novos casos foram analisados, sendo 122 do grupo pré-Pandemia e 64 do grupo Pandemia, representando uma redução de 47,54%. Não houve alteração estatisticamente significativa quanto a sexo, raça, estado de origem, história do câncer, idade ou tempo de encaminhamento (p>0,05). Observou-se maior frequência de malignidades no grupo pandemia (68%) quando comparado com o grupo pré-pandemia (48,48%). Os tumores benignos foram os casos mais diagnosticados no grupo pré-pandemia (41,80%), enquanto no grupo pandemia o diagnóstico mais frequente foi o carcinoma de células escamosas de conjuntiva (31,25%). Houve tendência (p=0,097) de diminuição no número de cirurgias (-7,63%) e de aumento no tratamento tópico (+10,68%). Houve também uma tendência a diminuição de indicação cirúrgica em tumores benignos e diminuição dos retornos imediatos.
Conclusão: Nossos achados mostram uma diminuição significativa no número de novos casos encaminhados ao setor de Oncologia Ocular. Além disso, a pandemia levou a uma mudança na abordagem terapêutica com preferência a tratamentos não invasivos, a fim de evitar o uso de salas de cirurgia. Um aumento drástico de casos, talvez em estágios avançados, pode ser esperado como resultado da diminuição observada nos primeiros 6 meses de quarentena.
Keywords: Neoplasias oculares; COVID-19; Isolamento social; Quarentena