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Editorial

Residência médica: o começo de uma longa jornada

Luiz Henrique Schurig Fernandes1

DOI: 10.1590/S0004-27492000000200016

VÁRIAS
CARTA AO EDITOR

 

Residência médica: o começo de uma longa jornada*

 

 

A educação continuada em Oftalmologia não somente se faz necessária, mas imprescindível para a atualização de conhecimentos e aplicação de condutas de forma segura e correta. O que é correto hoje, não é mais válido amanhã. O conhecimento corre a passos gigantescos e acompanhar todo este avanço tecnológico e científico é um verdadeiro desafio.

Será realmente que três anos de residência médica são capazes de abranger a avalanche de conhecimentos novos que se impõem a cada instante? Será que a extensão da residência médica por 4, 5, 6 ou mais anos é a solução? Por outro lado, a especialização também torna-se necessária num mundo altamente competitivo. Entretanto, quanto mais se especializa, mais sabe-se de um aspecto e menos de um todo. E a visão do todo; para onde vai? Como garantir conhecimento mínimo e atual, correto e seguro em todas as áreas da Oftalmologia na cabeça diária de cada oftalmologista?

Os Estados Unidos tentam responder a estas perguntas realizando anualmente um exame de conhecimentos em Oftalmologia (OKAP) que é aplicado a todos os residentes de 1º ano, 2º ano e 3º dos 126 programas de residência de Oftalmologia espalhados por todo o país. A bibliografia miníma recomendada são os 12 livros da coleção da Academia Americana de Oftalmologia. A nota de cada R1 é comparada com as notas dos outros R1 do país inteiro, as dos R2 com todos R2, e as dos R3 com os R3. A nota sai em percentil para o candidato e para o coordenador do programa. Assim sendo, cada coordenador utiliza a nota desta prova como instrumento de acompanhamento do desempenho anual dos residentes que ele irá formar e, desta maneira, propõe e implementa melhorias em ensino e educação em seu serviço. Os resultados destas provas anuais servem como um dos critérios para o ingresso dos residentes aos diversos programas de fellowship.

Ao final da residência, ocorre o Board escrito de Oftalmologia, que como a prova do Título de Especialista em Oftalmologia pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia, engloba conhecimentos gerais de Oftalmologia. Os candidatos aprovados neste exame, passam no ano seguinte para a segunda fase e mais temida do Board: a oral. É um dia inteiro de arguição oral com 10 professores, um de cada área, tendo a difícil tarefa de testar conhecimentos. O teste oral se dá através de pacientes, slides, perguntas, demonstração de propedêutica, e assim por diante. É um verdadeiro desafio e stress. Aqueles que passam nestas duas fases, recebem o tão sonhado TÍTULO de especialista e estão aptos para o exercício da Oftalmologia. Os reprovados preparam-se para a prova do ano seguinte.

Ano passado foi criada a lei da revalidação do Título Americano de Oftalmologia a cada 10 anos. Ao que parece, os candidatos deverão preencher certo número de créditos mínimos anuais que são conseguidos através da participação em congressos, simpósios, jornadas e após este período de 10 anos, novamente farão prova escrita e oral. Os que foram aprovados continuam exercendo; os reprovados passarão obrigatoriamente por curso de atualização.

Atualmente também já se fala em prova de Título "específica" para as diferentes áreas da oftalmologia: Retina, Glaucoma, Córnea e cirurgia refrativa, Estrabismo, Plástica ocular, Neuroftalmologia, tumores oculares, órbita., etc Os americanos até criaram uma expressão que resume bem o panorama atual: "so much information, so little time" or "a life is not enough to get all the stuff!".

A revolução na tecnologia da informação e da atualização de conhecimentos está aqui, bem diante de nossos olhos e veio com certeza para ficar. Qual será a mais pertinente solução para acompanhar a aquisição de informação obrigatória cada vez mais freqüente, rápida e correta?

Luiz Henrique Schurig Fernandes
Ex-Retina Fellow do Manhattan Eye, Ear and Throat Hospital e do Vitreous- Retina-Macula Consultants of New York

 

 

* Nota Editorial: a presente carta tem relação com o editorial "A Literatura Oftalmológica e os Arquivos Brasileiros de Oftalmologia como Instrumentos de Educação e Atualização"
de Rubens Belfort Jr., que foi publicado no volume 63(1) - Jan./Fev. de 2000.


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