Cristina Muccioli; Mauro Campos; Mauro Goldchmit; Paulo E.C. Dantas; Samir J. Bechara; Vital Paulino Costa
DOI: 10.1590/S0004-27492007000200001
EDITORIAL
Os ABO e sua missão de educação científica continuada
Cristina Muccioli; Mauro Campos; Mauro Goldchmit; Paulo E.C. Dantas; Samir J. Bechara; Vital Paulino Costa
Com a participação da comunidade oftalmológica brasileira, composta pelos autores dos trabalhos enviados para publicação, pelos colegas revisores (que auxiliam os autores com seus comentários com a finalidade de refinar o produto final a ser impresso) e pelos colegas leitores que são o objeto final de todos os esforços, muitas conquistas foram alcançadas nos últimos anos. Entre elas seguramente a mais comemorada foi a indexação da revista, o que permitiu maior visibilidade pela comunidade oftalmológica internacional, da nossa produção científica e de seus autores.
Assim como a ciência, a arte literária a ela relacionada também sofre mudanças com o tempo, necessitando novas adequações. Isso faz parte da evolução e do crescimento da revista científica. Há muitos anos a Editoria Científica dos Arquivos Brasileiros de Oftalmologia vem se preocupando em atualizar os autores, revisores e leitores nos tópicos que julga ser importantes e cujas ações objetivam sempre a melhoria na qualidade da revista. Essas ações não são apenas os esclarecimentos individuais aos que se dirigem à secretaria dos ABO, mas sim a realização de cursos, voltados ao coletivo, para um contínuo aperfeiçoamento de toda a comunidade científica oftalmológica brasileira. A Editoria Científica funciona como um termômetro para identificar as necessidades momentâneas e escolher os temas e palestrantes de cada curso.
Quando foi identificado que havia dificuldades com relação à Home-Page dos ABO, realizou-se um curso (1998) que tratou da sua importância. Posteriormente (1999), verificou-se a necessidade de cuidar da melhoria na preparação de um artigo científico e sua publicação. Elaborou-se curso cujo foco foi para a estrutura do artigo e seus erros mais freqüentes, cuidados na pesquisa em humanos e animais, diferentes desenhos de estudo, como e onde publicar, financiamentos para pesquisa, impacto da publicação, indexadores, público-alvo e autorias e co-autorias. Na mudança de século e de milênio (cursos nos anos 2000 e 2001) discutiu-se o significado dos ABO para o CBO e sua importância no ensino e na programação da pesquisa, os cuidados na escolha do tema e tipos de publicação, a apresentação do trabalho (estrutura, linguagem e bibliografia), o trabalho de revisão, a ética na pesquisa e na publicação (as responsabilidades de autores e revisores), e já então foi apresentada conferência sobre o presente e o futuro das publicações eletrônicas, demonstrando uma atitude visionária do que estaria por vir. Seguimos adiante discutindo os Processos Editoriais (2002) quando foi enfatizada a função da análise editorial e como ela é feita, os aspectos principais de análise de um trabalho, a adequação nos comentários analíticos, os processos de decisão, normatização e revisão formal, as bibliotecas eletrônicas e os fatores de impacto e outros índices biblioteconômicos. A importância e a função de um conselheiro editorial foi o tema que se seguiu (2003) com foco na análise de artigos, cuidados éticos sobre a análise editorial, a importância dos formulários e comentários aos autores e os critérios pelos quais as revistas são avaliadas. Propostas de administração e promoção dos ABO foi o tema do fórum de debates em 2004. Também com painéis de discussão foi elaborado curso (2005) para discutir amplamente a ética em pesquisa e nas publicações, um workshop para os revisores (dúvidas sobre o Aboonline), gerenciamento eletrônico de artigos científicos e as alternativas diante do excesso de demanda de artigos. Já na era da indexação (2006) as preocupações voltaram-se para as principais causas de rejeição de um artigo científico, as responsabilidades dos editores e o que o público deveria saber sobre a atuação da editoria, como lidar com os conflitos de interesse em pesquisas patrocinadas pela indústria terminando com a publicação em um mundo competitivo e as razões para manter uma produção científica constante.
Não existe fórmula para o continuísmo e para a evolução dos ABO. Há que se ter a mente aberta e oferecer a oportunidade da participação de todos, daqueles com mais vivência de produção científica aos que eventualmente possam estar começando. Em vários desses cursos as discussões foram muito enriquecedoras em novas idéias, com informações atualizadas que certamente contribuíram na formação dos autores e leitores.
Os ABO cumprem assim sua missão de oferecer à comunidade oftalmológica uma educação científica continuada na formação de todos que contribuem para o engrandecimento de nossa revista. Ficam todos, desde já, convidados a participar de nossos futuros encontros, o próximo em Brasília durante o XXXIV Congresso Brasileiro de Oftalmologia.