Open Access Peer-Reviewed
Editorial

Endoftalmite: uma análise de 58 casos

Endophthalmitis: an analysis of 58 cases

Tarciso Schirmbeck1; Erasmo Romão2; Maria de Lourdes Veronese Rodrigues3; José Fernando de Castro Figueiredo4

DOI: 10.1590/S0004-27492000000100008

RESUMO

Objetivo: Foram estudados 58 casos com diagnóstico de endoftalmite no intuito de se obter as características regionais desta patologia. Avaliaram-se os fatores predisponentes, quadro clínico, exames complementares, tratamento e resultado funcional. Métodos: Foi feita a análise retrospectiva dos prontuários dos pacientes atendidos no HCFMRP-USP, com diagnóstico de endoftalmite, no período de 1993 a 1998. Resultados: Trauma e cirurgia foram os principais fatores desencadeantes (39,05% cada). O quadro clínico predominante foi dor e diminuição da acuidade visual associado a hiperemia conjuntival e hipópio. Em 70,48% dos casos colheu-se cultura, sendo o resultado positivo em 85,36% das amostras. O agente etiológico mais freqüente foi o S. aureus (26,08%), seguido do S. epidermidis e P. aeruginosa (13,04% cada). Todos agentes isolados foram sensíveis à vancomicina e à ceftazidima. Em 65,51% dos casos a acuidade visual final foi ausência de percepção luminosa. Conclusões: Os resultados sugerem algumas alterações a serem efetuadas para se melhorar o prognóstico visual destes casos, como o uso de vancomicina e ceftazidima intra-ocular.

Descritores: Endoftalmite

ABSTRACT

Purpose: 58 cases with a diagnosis of endophthalmitis were reviewed in the attempt to obtain regional characte-ristics of this pathology. Predisposing factors, clinical presentation, ancillary examination, treatment and functional results were analyzed. Methods: Analysis of charts of patients treated in the Clinical Hospital of Ribeirão Preto's Medical School (USP), from 1993 to 1998. Results: Trauma and surgery were the most frequent causes (39.65% each one). The most common clinical presentation was pain and decrease of visual function associated with hypopyon and conjunctival injection. In 70.48% of cases samples for culture were collected and 85.36% of the specimens were positive. The most frequent microorganism was S. aureus (26.08%), followed by S. epidermidis and P. aeruginosa (13.04% each one). All isolated species were susceptible to vancomicyn and ceftazidime. In 65.51% of the cases no light perception was the final visual acuity. Conclusions: These results suggest some changes that might be performed to improve prognosis of endophthalmitis, such as using intraocular vancomicyn and ceftazidime

INTRODUÇÃO

A endoftalmite constitui uma das complicações mais graves e de pior resultado funcional entre as afecções oftalmológicas. Esta complicação é bastante rara após procedimentos cirúrgicos eletivos (0,18% pós-cirurgia de catarata 2 e 0,28% pós-transplante de córnea 4), sendo um pouco mais freqüente em situações pós-traumatismo (4,2%) 5; o que seria explicado devido às condições de assepsia, desorganização das estruturas oculares e maior virulência dos agentes presentes no trauma.

O rápido e correto diagnóstico é fundamental para um tratamento adequado e precoce, mas pode ser confundido nos casos de trauma devido às alterações morfológicas e inflamatórias decorrentes deste 1, 5.

A escolha do tratamento é dificultada tendo-se em vista o tempo necessário para a identificação do agente etiológico e sua susceptibilidade às drogas. Com isto, a terapia é iniciada de maneira empírica, baseada em estudos realizados, em sua maioria, em outras localidades, não sendo, portanto, correspondentes à flora regional. Além disso, cumpre ressaltar a ocorrência de organismos resistentes às drogas utilizadas 6 e a dificuldade de obtenção de concentrações efetivas e duradouras destas drogas nas estruturas oculares.

Este estudo objetivou caracterizar os casos de endoftalmite atendidos no HCFMRP-USP no intuito de melhor direcionar o tratamento e obter um resultado funcional mais satisfatório.

 

MATERIAIS E MÉTODOS

O estudo foi realizado através de uma análise retrospectiva dos casos de endoftalmite atendidos no HCFMRP-USP, no período de janeiro de 1993 a janeiro de 1998. O HCFMRP-USP constitui um hospital de nível terciário dentro do Sistema Único de Saúde do Ministério da Saúde vigente no país, sendo um centro de referência para o tratamento de casos oftalmológicos complexos, atendendo a toda região de Ribeirão Preto e outros estados, como Minas Gerais, Bahia e Mato Grosso do Sul.

Foram incluídos no estudo os pacientes que tinham o diagnóstico de endoftalmite, independente da causa do quadro, totalizando 58 pacientes. O prontuário de cada paciente foi analisado e os seguintes dados obtidos: a causa predisponente, sinais e sintomas, conduta, agente etiológico, tratamento e resultado funcional.

O resultado das culturas foi avaliado segundo os métodos laboratoriais padronizados internacionalmente 12, 17, 21. Os meios utilizados foram: ágar-sangue, ágar-chocolate, tioglicolato e Sabouraud.

 

RESULTADOS

No período de janeiro de 1993 a janeiro de 1998 foram atendidos 58 casos de endoftalmite no HCFMRP-USP, sendo 45 pacientes do sexo masculino (77,58%) e 13 do sexo feminino (22,41%) (relação 3,46: 1).

O quadro de endoftalmite se desenvolveu após cirurgia em 23 casos (39,65%), trauma em 23 casos (39,65%), úlcera de córnea infectada em 7 (12,06%) e um paciente (1,72%) apresentou queimadura por carvão; em outros 4 pacientes não foi possível identificar a causa. Dos pacientes submetidos à cirurgia o procedimento realizado foi facectomia (82,60%, 19/ 23), transplante de córnea (8,69%, 2/23), glaucoma (4,34%, 1/23) e retinopexia pneumática 4,34%, 1/23). Os traumas foram perfurantes em 60,86% (14/23) dos casos, contundentes em 30,43% (7/23) ou ambos em 8,69% (2/23).

O tempo para o início dos sintomas, a partir do fator desencadeante, foi de 1-3 dias em 41,37% dos casos, 4-7 dias em 13,79%, 8-10 dias em 6,89% e 10-30 dias em 30,48%; em dois casos não foi possível definir este tempo.

Os sinais e sintomas mais freqüentemente observados foram, respectivamente, dor ocular (74,13%), diminuição da visão (63,79%), presença de secreção conjuntival (32,75%) e fotofobia (8,62%); e hiperemia conjuntival (81,03%), hipópio (56,89%), edema de córnea (55,17%), secreção conjuntival purulenta (39,65%), edema palpebral (31,03%) e quemose (18,96%).

O exame subsidiário predominantemente adotado foi a coleta de material para cultura (70,48%), em 6,89% dos casos foi solicitado ultra-som (US) de órbita e em 6 casos (10,34%) tomografia computadorizada (TC) de órbita; em 24,13% dos casos nenhum exame foi solicitado. O resultado da cultura foi positivo em 35 casos (85,36%) e negativo em 6 (14,63%); em 5 casos houve coleta de vários locais sendo o resultado positivo em alguns e negativo em outros. Destaca-se o maior grau de positividade das culturas de vítreo (83,3%) em relação às de líquido aquoso (60%).

Os agentes etiológicos identificados estão mostrados na tabela 1. Geralmente apenas um agente etiológico foi isolado (77,14%), dois agentes foram encontrados em 14,28%, três em 5,70% e quatro em 2,85%.

 

 

O antibiograma (Tabela 2), revelou dados importantes das características da flora regional: 100% dos Staphylococcus aureus foram resistentes à penicilina e ampicilina, mas 100% sensíveis às drogas mais usadas no tratamento (cefalotina e gentamicina); o Staphylococcus epidermidis mostrou certa resistência à gentamicina, mas foi 100% sensível à cefalotina; a Pseudomonas aeruginosa apresentou grande resistência à maioria das drogas utilizadas, porém 100% das cepas foram sensíveis à ceftazidima e 75% ao aztreonam; sendo que duas cepas mostraram-se sensíveis somente a estas drogas. Concordando com estudos da literatura, nenhum agente mostrou-se resistente à vancomicina ou ceftazidima.

A terapêutica foi tópica em 79,31% dos casos, endovenosa em 82,95%, intra-vítrea em 6,89%, oral em 6,89% e intramuscular em 3,44%. O antibiótico predominantemente utilizado na terapia tópica foi cefalotina+gentamicina (43,47%), cefalotina+amicacina (21,73%), cefalotina isolado (19,56%); na terapia endovenosa cefalotina+gentamicina (47,91%), cefalotina+amicacina (18,75%), cefalotina isolado (16,67%); e na terapia intra-ocular vancomicina+amicacina (50%), vancomicina (25%) e cefalotina+gentamicina (25%).

O tratamento cirúrgico consistiu em enucleação ou evisceração, sendo o primeiro realizado em 13 pacientes (24,41%) e indicada, mas ainda não realizada em 4 (6,89%); a enucleação foi efetuada em 4 casos (6,89%).

O resultado funcional (Gráfico 1) foi ausência de percepção luminosa em 65,51%, percepção luminosa em 8,62%, contagem de dedos em 3,44% e acuidade visual melhor que 0,3 em 5,16%; em 17,25% dos casos não há referência a este dado.

 

 

DISCUSSÃO

Através deste estudo foi possível se obter dados importantes a respeito das características regionais dos casos de endoftalmite, como os sintomas e agentes etiológicos predominantes, o que certamente auxiliará no direcionamento adequado do tratamento e na obtenção de um melhor prognóstico.

Observamos uma predominância do sexo masculino (77,58%), resultando numa proporção de 3,46: 1, que também é observado em outros estudos 2, 5, 13; sendo que nestes a proporção é maior nos casos pós-traumáticos, justificado pelo maior risco das profissões exercidas pelo sexo masculino 13.

Os dois principais fatores desencadeantes de endoftalmite (trauma e cirurgia) apresentaram um número igual de casos: 23 (39,45%), diferindo da literatura que revela uma predominância de casos pós-cirúrgicos ( 60% 8; 66,2% 24) em relação aos pós-traumáticos (25 % 1; 20% 8;25,4% 24).

O cálculo do risco específico de endoftalmite não foi possível de ser efetuado, visto que não se possuía informações precisas a respeito do local onde o paciente havia sido submetido ao procedimento cirúrgico e também se havia buscado atendimento oftalmológico em outro serviço e, conseqüentemente, sofrido alguma manipulação prévia das estruturas oculares.

Apesar dos padrões e métodos utilizados para se obter a melhor assepsia nos procedimentos cirúrgicos vários estudos comprovaram a contaminação de estruturas oculares durante o procedimento 3, 16, 22 . A principal fonte de infecção é a flora do paciente (pálpebra, nariz, conjuntiva), sendo os organismos destas localidades geneticamente semelhantes aos encontrados nas culturas de vítreo 16. Além disso, foi observado um aumento no risco de contaminação de acordo com o fato do cirurgião falar durante o procedimento e do número de pessoas na sala 31. O uso de iodeto de povidine tópico e antibioticoterapia no pré-cirúrgico também é apregoado na redução da contaminação 32-35. Nos casos de implante de lente intra-ocular, deve-se dar preferência ao polimetilmetacrilato, por ser um material que apresenta menor risco de colonização por organismos patogênicos 32.

A presença de corpo estranho nos casos pós-traumáticos é responsável por uma incidência maior de infecção (15% 5, 10% 1, 6,9% 13), apesar da composição do material não alterar o prognóstico.

Em transplantes de córnea a realização de culturas do material do doado não é recomendada, tendo-se em vista o custo e o baixo valor preditivo obtido desta padronização 4.

A análise do tempo para o início dos sintomas revelou que em 41,37% dos casos este ocorreu nas primeiras 72 horas e em 34,48% entre 10-30 dias após o fator desencadeante. Os demais casos surgiram entre 4¾9 dias. Outros estudos mostram uma incidência maior no período 2-7 dias pós evento 7, 15, 25, 30. Em nosso meio vários fatores levam à demora na obtenção de atendimento e tratamento: aspectos culturais (religião, medo, desinformação, desinteresse) e sócio-econômicos (ausência ou lotação de serviço disponível, ausência de meio de locomoção). A baixa virulência do agente etiológico, predominante nos casos pós-catarata, também contribui para uma busca tardia por atendimento 32. O tempo para qual é marcado o retorno no pós-cirúrgico tem se mostrado muito extenso com os sintomas surgindo até 1,9 dias antes da data marcada 25, comprometendo acentuadamente o prognóstico, que é melhor quando se efetua um atendimento precoce 13, 19, 25, 35.

Os sinais e sintomas predominantes foram semelhantes aos descritos, havendo apenas pequenas variações 12, 15, 30, 32, 34. A presença de dor, principal queixa dos pacientes (74,13%), foi semelhante à taxa referida em outro estudo (74%) 12 e sua presença ou ausência não está relacionada ao resultado microbiológico 12, 21 . Os sinais presentes foram hiperemia conjuntival (81,03%), hipópio (56,89%), edema de córnea (57,17%), secreção conjuntival (39,45%) e edema palpebral (31,03%). A presença de edema palpebral foi relacionada com maior taxa de infecção por organismos Gram positivos 10, o que não foi observado neste estudo. A avaliação do vítreo e fundo de olho não foi realizada na maioria dos casos, não sendo, portanto, consideradas no estudo.

Dentre os exames subsidiários disponíveis utilizou-se a coleta de material para a cultura em 70,48% dos casos, tomografia computadorizada em 10,34% e ultra-som em 6,89%; em 24,13% não foi solicitado nenhum exame subsidiário. Os exames de TC e US foram realizados nos casos de trauma com suspeita de corpo estranho intra-ocular, considerando-se o maior risco de infecção na sua presença 1, 5, 13. Estes exames mostraram, além do corpo estranho quando presente, alterações estruturais devido à infecção como aumento de volume de partes moles e intenso reforço pós-contraste.

O material colhido para cultura foi secreção conjuntival (53,44%), aquoso (17,24%), vítreo (10,30%) e córnea (8,62%). O resultado foi positivo em 85,36% das culturas, um índice um pouco acima dos dados da literatura (62% 8, 65% 13, 73% 15, 39%24, 60% 26). O vítreo mostrou um índice de positividade maior que o aquoso (83,30% a 60,00%), confirmando dados da literatura 1, 7, 19, que também revelam o fato de , em alguns casos, ele ser a única fonte de cultura positiva 18. Tal fato pode ser resultado de uma melhor limpeza do aquoso devido ao seu maior fluxo e celularidade 33, 38. Além disto, outro dado preocupante diz respeito à positividade de culturas de meios tidos como estéreis pelo oftalmologista (até 33%) 8 e ao fato da conduta terapêutica poder ser alterada após o resultado da cultura 27, visto que neste estudo em 24,13% dos casos não houve realização de nenhum exame subsidiário. Outro erro foi o grande percentual de casos em que a secreção conjuntival foi o único material coletado, ao contrário do recomendado: obtenção de amostras do esfregaço conjuntival, punção do humor aquoso e corpo vítreo 34.

O agente etiológico mais freqüente foi o Staphylococcus aureus, seguido do Staphylococcus epidermidis e Pseudomonas aeruginosa, diferindo de outros estudos que revelam maior freqüência do S. epidermidis 7 , 8 ,15 ,19, 33; apenas outro estudo 38 revelou maior freqüência deste agente. Contudo, ao se analisar a relação com a causa predisponente observamos que nos casos pós-traumáticos o S.epidermidis é o agente mais freqüente, semelhante a outros estudos 1, 5, apesar de haver somente um caso (5,55%) de Bacillus, enquanto que nestes estudos este é o segundo mais freqüente apresentando um péssimo prognóstico visual 7, 32.

Nos casos pós-cirúrgicos o agente mais observado foi o S.aureus, ao contrário da literatura 3, 15, 16, 26 que revela predomínio do S.epidermidis, sendo que neste estudo houve apenas um caso (5,55%) por este agente. O S. aureus também é o mais observado em outro estudo 24. Tal fato poderia ser explicado pela baixa virulência do S. epidermidis e uma maior participação do S. aureus na flora dos indivíduos estudados. Outro dado interessante é a alta incidência de fungos (16,66%), sendo dois casos de Scedosporium apiospermum e um de Fusarium sp, visto que esta incidência era esporádica em outros estudos 18, 19, além do fato dos agentes observados serem Candida sp e Aspergillus sp 28. Este dado mostra-se importante por identificar uma possível falha na assepsia, como o uso de soluções contaminadas 34, e reforçar a necessidade de meio de cultura adequado para sua identificação 18 e tratamento direcionado. Nos três casos a acuidade visual final foi ausência de percepção luminosa.

O agente mais freqüente nos casos de complicações em úlceras de córnea foi a P. aeruginosa (42,80%), seguida do S. aureus (28,57%). Em estudos realizados em casos de endoftalmite por agentes Gram negativos a P. aeruginosa foi o principal agente (23%), sendo a responsável pelos casos pós-úlcera de córnea 12, 22. Tal fato é de extrema importância devido ao surgimento de resistência a antibióticos nesta espécie 14, 20 (Tabela 2) e do mau prognóstico visual 8, 17.

Os Streptococcus sp foram responsáveis por aproximadamente 20 % dos casos e estão relacionados com um prognóstico pior que os S. epidermidis 8, 23, 26. Em nosso estudo, todos os cinco casos de S. viridans evoluíram para ausência de percepção luminosa.

O S. epidermidis mostrou-se o menos virulento dos agentes, com 57,14% dos casos apresentando acuidade visual melhor que percepção luminosa.

O tratamento baseou-se principalmente em terapia tópica (79,31%) e endovenosa (82,75%), normalmente associados e com uso de cefalotina e gentamicina ou amicacina na maioria dos casos. O uso intra-ocular foi efetuado em apenas 6,89% dos casos, sendo a vancomicina a droga mais utilizada. Nos casos de agentes fúngicos a droga utilizada foi a anfotericina B por via endovenosa. Vitrectomia total ou parcial não foi realizada em nenhum caso. Tais condutas não obedecem aos estudos recentes no que tange à melhor acuidade visual final com o uso da vitrectomia 21, 34; a concentração vítrea abaixo da mínima inibitória de cefalotina via endovenosa (exceto para S. epidermidis) 10, 11; ao surgimento de resistência a esta droga 20, 35; à toxicidade macular do aminoglicosídeo quando usado intravítreo 6, 34, 35, à concentração vítrea atingida (abaixo da mínima inibitória) quando via endovenosa e a resistência surgida às drogas desta classe 6, 17, 32, 35. A efetividade da ciprofloxacina via oral foi observada contra S. epidermidis, Bacillus sp e Enterobacter sp, mas não para S. aureus e P. aeruginosa 11. Desta forma, os estudos revelam que o tratamento mais eficaz considerando-se a concentração atingida pela droga nas estruturas oculares, o espectro alcançado e a baixa toxicidade é o uso de vancomicina e ceftazidima via intra-ocular 6, 7, 9, 17, 21, 23, 29, 35, 36 e o uso de vitrectomia em casos selecionados 9, 21, 34. O uso de esteróides, ainda controverso, não foi abordado neste estudo.

O resultado funcional (Gráfico 1) foi bastante desfavorável, confirmando a perda visual severa nos casos de endoftalmite. Contudo, estes resultados foram bastante piores que os relatados 5, 7, 13, 17, 19, 21 levando-nos a analisar os fatores responsáveis pelos mesmos e as condutas a serem adotadas para uma mudança no quadro.

Algumas sugestões seriam a padronização da coleta para cultura de líquido conjuntival, aquoso e vítreo em todos os casos suspeitos de endoftalmite; uso de meio adequado para cultura de fungos; melhora da assepsia nos procedimentos cirúrgicos; diminuição do tempo de retorno após cirurgia; promoção do tratamento com vancomicina + ceftazidima via intra-ocular e realização de vitrectomia em casos selecionados; prevenção de acidentes e tratamento das condições que comprometam o estado imunológico do paciente, como desnutrição, diabetes alcoolismo e doenças imunitárias.

Agradecimentos: Ao Serviço de Arquivo Médico do HCFMRP-USP pelo acesso aos prontuários dos pacientes.

 

 


 

 

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Departamento de Otorrinolaringologia e Oftalmologia

(1) Aluno de graduação da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - Universidade de São Paulo (FMRP-USP).
(2) Professor Associado ao Departamento de Otorrinolaringologia e Oftalmologia da FMRP-USP.
(3) Professora Doutora do Departamento de Otorrinolaringologia e Oftalmologia da FMRP-USP.
(4) Professor Doutor do Departamento de Clínica Médica da FMRP-USP.

Endereço para correspondência: Erasmo Romão. Av. Bandeirantes, 3900. Campus Universitário, Monte Alegre, Ribeirão Preto (SP) CEP 14049-900 Fone: (0XX16) 602-2523.


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