Ricardo Lamy1; Adalmir Morterá Dantas2
DOI: 10.1590/S0004-27492008000300029
RESUMO
Os objetivos deste estudo são: informar os oftalmologistas sobre as diferenças existentes entre as listas em língua inglesa e portuguesa de termos equivalentes para as estruturas do olho, ambas aprovadas pela Comissão Federativa Internacional de Terminologia Anatômica; apresentar os termos anatômicos incluídos na lista de descritores publicada pela Biblioteca Nacional de Medicina Norte-Americana e traduzida pela Biblioteca Regional de Medicina (BIREME); para propor uma lista em português de termos de uso comum pelos oftalmologistas.
Descritores: Terminologia; Anatomia; Olho; Oftalmologia; Descritores em medicina; Epônimos; História da medicina
ABSTRACT
The purposes of this article are: to inform ophthalmologists about the differences between the English and Portuguese list of equivalent terms for eye structures, approved by the Federative International Committee on Anatomical Terminology; to present the anatomical terms included in the list of medical subject headings published by the United States National Library of Medicine and translated by the Regional Library of Medicine (BIREME); propose a list of Portuguese terms of common usage by ophthalmologists.
Keywords: Terminology; Anatomy; Eye; Ophthalmology; Medical subject headings; Eponyms; History of medicine
INTRODUÇÃO
A elevada freqüência com que os oftalmologistas utilizam termos inadequados para designar as estruturas anatômicas do olho, e as diferenças entre os termos reconhecidos como equivalentes da terminologia anatômica latina, em inglês e na língua portuguesa, justificam a realização deste estudo de revisão sobre a história da anatomia e da etimologia dos termos anatômicos, assim como a divulgação das listas de termos equivalentes em inglês, português, e a proposição e apresentação de uma lista contendo os termos de uso corrente na literatura oftalmológica nacional.
Na história da origem da anatomia, o mais antigo tratado anatômico existente é um papiro egípcio escrito por volta de 1600 a.C(1). Ele demonstra que o coração, fígado, baço, rins, ureteres e vesícula já eram conhecidos, assim como o fato de os vasos sanguíneos se originarem no coração. Centenas de anos depois, um professor de anatomia de Pádua chamado Andréas Vesalius (1514-1564) publicava sua monumental obra intitulada De Humani Corporis Fabrica Libri Septem (1543). Ilustrada pelo artista John Calcar, a obra padronizava uma terminologia anatômica e serviu de referência para todo o mundo civilizado à época. Com o passar dos anos, outros centros científicos foram publicando seus próprios livros, onde incluíam novos nomes para estruturas antes desconhecidas e corrigiam os nomes que julgavam impróprios. Desta forma, diferentes nomes foram sendo criados e se acumulando, chegando a existir na Europa no final do século XIX mais de cinqüenta mil nomes para designar estruturas anatômicas. Alguns dicionários médicos listavam mais de vinte sinônimos para uma única estrutura, induzindo a uma enorme confusão(2).
Percebendo a necessidade de se tentar uniformizar a nomenclatura, a Sociedade de Anatomia Alemã iniciou em 1887 (Leipzig) o trabalho de elaboração de uma lista que veio a ser aprovada em 1895 durante o Congresso de Anatomia da Basiléia. A obra ficou conhecida como Basle Nomina Anatomica (BNA) e foi publicada contendo 5.228 termos em latim. No ano de 1903 foi fundada a International Federation of Associations of Anatomists (IFAA), que pretendia reunir-se a cada cinco anos, tendo como um de seus objetivos a seleção de uma nomenclatura uniforme e universal para as ciências anatômicas. Nos anos que se seguiram, a Sociedade Britânica de Anatomia e a Sociedade Alemã de Anatomia apresentaram suas próprias atualizações da BNA (Birminghan em 1933; Jena em 1935), mas estas revisões não foram bem aceitas internacionalmente. Em 1950, durante o Congresso Internacional de Oxford, foi designada pelo presidente da IFAA uma Comissão Internacional para Nomenclatura Anatômica (IANC), cuja tarefa principal era preparar uma lista de termos anatômicos que seriam submetidos à aprovação durante o congresso seguinte em Paris. Assim, em 1955 foi aprovada com unanimidade a Parisiensia Nomina Anatomica, contendo 5.640 termos em latim (1.354 nomes de estruturas descobertas após a BNA; os segmentos anátomo-cirúrgicos dos pulmões; o grupo de órgãos endócrinos e nenhum epônimo).
A terceira edição da Nomina foi publicada em 1966 e em 1975 veio a quarta edição, desta vez contendo a Nomina Embryologica e a Nomina Histologica. Após lançamento da quinta edição em 1983, membros do IANC propuseram transformar a comissão em um corpo editorial independente da IFAA e em 1989 publicaram uma sexta edição da Nomina Anatomica sem submeter a lista à aprovação dos membros da IFAA durante o Congresso Internacional do Rio de Janeiro. Foi convocada então uma Assembléia Geral da IFAA, sob a presidência do brasileiro Liberato Di Dio, onde foi aprovada com unanimidade a criação de uma nova Comissão Federativa de Terminologia Anatômica (FCAT) cujos membros seriam eleitos de forma democrática, objetivando representar os anatomistas dos cinco continentes. Em 1997, após o término do Congresso Internacional de São Paulo, o FCAT anunciou oficialmente o lançamento da nova Terminologia Anatomica (TA)(3) simplificada e atualizada, contendo pela primeira vez além dos termos em latim, uma lista com termos de uso corrente em inglês (que embora sejam reconhecidos como termos equivalentes, não são necessariamente as traduções dos termos em latim). Em 1998, a Sociedade Brasileira de Anatomia (SBA) em conjunto com o FCAT, publicam pela editora Manole a edição em língua portuguesa da TA(4) contendo a lista de termos em latim e uma lista de equivalentes em português. Embora esta lista pudesse incluir termos de uso corrente na língua portuguesa, observa-se, na seção destinada aos órgãos dos sentidos (e em especial nas estruturas relacionadas ao olho), haver apenas uma tradução direta dos termos em latim, diferentemente da lista preparada pelos países de língua inglesa. Uma das poucas exceções é o termo "ducto lacrimonasal", equivalente do termo em latim ductus nasolacrimalis, e cujo equivalente em inglês é nasolacrimal duct.
No ano de 2005, Abib e Oréfice publicaram excelente artigo(5) na seção de atualização continuada dos Arquivos Brasileiros de Oftalmologia objetivando divulgar à classe oftalmológica a existência da edição em língua portuguesa da TA.
Em trabalho(6) apresentado no XXXIV Congresso Brasileiro de Oftalmologia, Lamy, Dantas et al., avaliam o conhecimento e a aplicação pelos oftalmologistas dos termos aprovados pelo FCAT (agora chamado FICAT: Comissão Federativa Internacional de Terminologia Anatômica) para designar as estruturas anatômicas da córnea. Os autores utilizaram um questionário objetivo de múltipla escolha (Figura 1), com versões em inglês e português, onde o médico participante deveria assinalar os termos anatômicos adequados para designar cada uma das cinco camadas da córnea. O questionário foi distribuído durante o Congresso Mundial de Oftalmologia de São Paulo e respondido por 85 médicos de 26 países (Figura 2). 9,41% eram residentes de oftalmologia e, dentre os especialistas em oftalmologia, 44,83% declararam ser sub-especialistas em córnea. Nenhum entrevistado assinalou o termo anatômico correto para todas as cinco camadas da córnea. 90,59% utilizaram os termos membrana de Bowman e membrana de Descemet para designar a lâmina limitante anterior e a lâmina limitante posterior da córnea. Nenhum participante assinalou o termo epitélio posterior da córnea.
Se considerarmos a lista de termos equivalentes em inglês publicada na TA, poderiam ser considerados corretos os questionários que tiveram o termo endothelium escolhido para designar a camada mais interna da córnea.
Embora esteja claro no prefácio da TA que a lista de termos equivalentes em inglês não deve ser usada como referencial para tradução para outras línguas, lamentamos que a seção de estruturas relacionadas ao olho da lista de termos equivalentes em língua portuguesa tenha sido elaborada, aparentemente sem levar em consideração os termos de uso corrente na literatura oftalmológica nacional.
Considerando a importância dos trabalhos desenvolvidos em língua inglesa na literatura médica da atualidade, parece-nos claro a iminente confusão quando, por exemplo, é aprovado pelo FICAT o uso do termo endothelium of anterior chamber, enquanto na língua portuguesa, reconhece-se apenas o termo epitélio posterior da córnea. A confusão fica ainda mais evidente quando um trabalho publicado em língua portuguesa é acompanhado por um resumo em inglês (abstract) contendo algum destes termos. Desta forma, propomos uma lista de termos anatômicos oftalmológicos de uso corrente na língua portuguesa (Quadro 1). Esperamos que esta lista possa servir de referência para comunidade oftalmológica brasileira, permitindo o reconhecimento destes termos, ao menos enquanto se aguarda a aprovação de uma segunda edição da TA. Para elaboração desta lista, revisamos diversos livros da literatura médica nacional, em especial os pertencentes à bibliografia mínima(7-26) sugerida pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia para os candidatos ao título de especialista em oftalmologia. Estão presentes nesta lista termos já consagrados no meio oftalmológico, como coróide ao invés de corióide, e tivemos o cuidado de não "criar" nenhum termo novo, que não tenha seu correspondente em inglês incluso na lista de termos equivalentes ou na lista de termos descritores.
Apesar da freqüente utilização dos epônimos na literatura oftalmológica (dezenas de anos após serem banidos da terminologia anatômica), optamos por excluí-los da lista de termos de uso corrente. O uso de epônimos é causa freqüente de confusão, visto que algumas vezes temos descrito mais de um epônimo para uma mesma estrutura anatômica, ou até um único epônimo para duas estruturas anatômicas diferentes (ex: o termo músculo de Muller pode ser utilizado para designar as fibras circulares do músculo ciliar ou o músculo orbital.). Além disso, epônimos são termos inespecíficos e o termo anatômico deve ter uma característica localizadora, descritiva ou etiológica que facilite a compreensão dos fatos ou sua ligação com a natureza ou a causa do assunto em questão(27-28). Contudo, visto que muitos epônimos ainda são aceitos como termos descritores em ferramentas de pesquisa; faz-se necessário o conhecimento de alguns destes termos (epônimos) pelos oftalmologistas. O quadro 2 contém os principais epônimos oftalmológicos seguidos pelos termos anatômicos adequados, aprovados pelo FICAT.
Os Descritores em Ciências da Saúde (DeCS), derivados do termo em língua inglesa Medical Subject Headings (MeSH) são publicados pela Biblioteca Nacional de Medicina Norte Americana (U.S. National Library of Medicine), responsável pela base de dados Medline que é uma das mais completas e utilizadas na pesquisa bibliográfica na área das Ciências da Saúde.
Outras bases de dados como o LILACS (Literatura Médica da América Latina e do Caribe) e SciELO (Scientific Eletronic Library Online) também disponíveis na Biblioteca Regional de Medicina (BIREME) usam a padronização dos DeCS.
É fundamental que os autores dos trabalhos científicos façam uma escolha criteriosa e adequada destes unitermos, para que a indexação permita a recuperação de seus trabalhos, quando procurados pelos seus pares em uma pesquisa bibliográfica. O quadro 3 apresenta a lista de descritores (DeCS) para as estruturas anatômicas do olho, em português e inglês. A coluna do meio apresenta os sinônimos para língua portuguesa indexados pela BIREME. Consideramos indevida a utilização de alguns destes sinônimos, como é o caso do termo rubor aquoso.
A fim de complementar este trabalho, organizamos um vocabulário etimológico de termos anatômicos utilizados em oftalmologia(29-38). O estudo da etimologia é de grande valor mnemônico, pois, desde os tempos remotos, a maioria dos termos foi criada com base em semelhanças com objetos de uso doméstico, com a natureza, a geometria e funções desempenhadas pelos órgãos do corpo.
Esperamos estar contribuindo com todos aqueles que pretendem empregar, de forma correta, os termos anatômicos para as estruturas relacionadas ao olho, elucidando as diferenças existentes entre as listas de termos equivalentes em inglês, português e a lista de termos descritores.
VOCABULÁRIO ETIMOLÓGICO DE TERMOS ANATÔMICOS EM OFTALMOLOGIA
Anatomia é palavra grega que significa cortar de permeio, separar em partes; origina-se de aná (prefixo que, entre outros sentidos, tem os de sobre, para cima) e tomia (= corte). É sinônimo da palavra latina dissecação, de dis (= separação, divisão), e secare (= cortar).
Anatomia é, pois, o estudo das partes de seres organizados.
Sendo os seres organizados vegetais e animais, teremos, então, uma Anatomia Vegetal ou Fitoanatomia, do grego phytos (= planta) e uma Anatomia Animal, Zooanatomia, do grego zôo (= animal).
Na Zooanatomia, que é o que nos interessa, estudaremos a Androanatomia, ou Antomia Humana, de anér, andrós (= homem), ou Antropoanatomia, de antropos, ántropou (= homem).
A Anatomia Descritiva estuda os ossos (osteologia), de ostéon (= osso), as articulações (artrologia), de árthros (= articulação), os músculos (miologia), de mys, myós (= músculo), a circulação (angiologia), de ángion (= vaso), o sistema nervoso (neurologia), de néuron (= nervo), as vísceras (splancnologia), de splánchnon (= víscera).
A "Anatomia Geral" ou a "Histologia", de histós (= tecido), estuda as partes elementares dos tecidos. Fazem-se cortes delicados, e o estudo se realiza com o auxílio do microscópio.
A | |
Abdução | Do lat. ab (= afastamento, ponto de partida, separação, privação, para longe) e ductor, de ducere (= conduzir). |
Adito | Do lat. aditus, us aditus (= entrada ou acesso a um lugar; ponto de acesso a uma cavidade). |
Adução | Do lat. adductio, adductionis, de adducere ad + duccere (= puxar para si). |
Aferente | Do lat. afferens, afferentis de ad, direção para, assimilado em af, e ferens, ferentis (= que vem vindo). |
Alça | Do lat. ansa, ansae (= asa de qualquer objeto). Em gr., labé, labés (= alça, punho). |
Angiologia | Do gr. angeiologia, de angéion (= vaso), logia, de log (= ciência). |
Aquoso | Do lat. aquosus, de aqua, aquae (= água). Em gr., hydatódes (= semelhante à água, aquoso, que vem de hydor, hydatos (= água). |
Aracnóide | Do gr. arachnolidés (= semelhante à teia de aranha), de arachnés, arachnon (= aranha) e eidos (óidos) (= semelhante). |
Artéria | Do gr. artéria, arterías, de aér (= ar), e terein (=manter,conduzir), (= canal de ar para respiração), pelo lat. arteria, arteriae. Pelo fato de ficarem vazias após a morte, os antigos as relacionaram a dutos de ar. Os brônquios e a traquéia também eram chamados de artérias. |
Asa | 1. Do lat. ansa (= ansae, cabo por onde se pega em alguma coisa). 2. De ala, alae (= membro empenado das aves). Em gr., ptéryx, ptérigos (= asa ou objeto semelhante à asa). |
Assoalho ou soalho | Em gr., katástroma, kaktastrómatos, e sanidómatos (= superfície inferior de uma cavidade). |
| |
Bainha | Do lat. vagina, vaginae. Em gr. lémma, lémmatos (= envoltório, o que é capaz de receber). |
Buraco | Do lat. foramen, foraminis (= buraco, abertura). Em gr., trema, trématos (= orifício) e trypa, trypes (= buraco). Na nomenclatura anatômica moderna, emprega-se forame preferentemente a buraco. |
| |
Cabeça | Do lat. caput, caputis (Em gr., Kephalé, kephalés, de onde cefaléia) |
Canal | Do lat. canalis (= cano, tubo). Em gr., solén, solénos (= canal, tubo, ranhura). |
Canalículo | Do lat. canaliculus, canaliculi, diminutivo de canalis (= cano pequeno, estreito; canudo; tubozinho). |
Cápsula | Do lat. capsula, capsulae, diminutivo de capsa, capsae (= caixinha, cofrezinho, cápsula). |
Carúncula | Do lat. caruncula, carunculae, diminutivo de caros, carnis (= pouca carne, um bocadinho de carne). |
Cavernoso | Do lat. cavernosus, a, um (= de caverna. Que encerra pequenas cavidades, pequenas cavernas, ou que é um tecido vascular esponjoso). |
Cerebral | Do francês cerebral, que veio do lat. cerebralis, de cerebrum, cerebri. |
Ciliar (corpo ciliar) | Do lat. cilium, ii (= a beira da capela do olho, da pálpebra. Ciliar = relativo aos cílios). |
Concha | Do gr. kónche, kónches (= casa, concavidade), pelo lat. concha, conchae. |
Conjuntiva | Do lat. conjunctivus, a, um, de conjungere (= que serve para ligar, unir). |
Córnea | Do lat. corneus, a, um (= consistência de corno ou chifre; semelhante a chifre). |
Crânio | Do gr. kranion (= crânio, cabeça), pelo lat. cranion (= parte da cabeça). |
Cristalino | Do gr. krystállinos, de krystallos (= vidro, gelo, cristal), pelo lat. crystallinus, a um (= de cristal). |
| |
Dácrio | Do gr. dákryon (= lágrima). |
Dental | Do lat. dentalis, e (= relativo ou pertencente aos dentes. O mesmo que dentário), pelo francês dental. |
Díploe | Do gr. díploe, díploes (= idéia de dois, coisa dupla). |
Dura-máter | Do lat. dura, durae (= firme, forte) e mater, matris (= mãe). |
| |
Eferente | Do lat. efferens, efferentis (= o que leva para fora). |
Encéfalo | Do gr. enképhalos, de en (= dentro) e kephalé (= cérebro, o que está na cabeça). |
Endotélio | Do gr. Endon (= dentro) e thele (= mamilo). Embora não haja mamilos nos endotélios, a origem foi a analogia com epitélio. |
Epitélio | Do gr. epi (= por cima) e thele (= mamilo). Primitivamente aplicava-se só às camadas celulares que cobriam as papilas da língua, depois estendeu-se para outras superfícies sem papilas, inclusive a pele. |
Esclerótica | Do gr. sklerótes, sklerótetos (= segurança, dureza). Hoje, em oftalmologia, é chamada de esclera. |
Esfenóide | Do gr. sphén, sphénos (= cunha ou ponta) e óide, ou eídos (= em forma de, ou semelhante a). |
Esfíncter | Do gr. sphinkter, sphinktéros (= o que aperta, laço). De sphíngein (= apertar). |
Estroma | Do gr; stroma (= o que se estende, que cobre). |
Etmóide | Do gr. ethmos (= peneira, crivo) e oide, de eidos (= semelhante a). |
| |
Face | Do lat. facies, faciei (= rosto, cara, semblante). |
Fáscia | Do lat. fascia, fasciae (= faixa, atadura). |
Fissura | Do lat. fissura, fissurae, de findere (= rachar, fender; fenda, rachadura). |
Forame | Do lat. foramen, foraminis (= buraco, cova, abertura). |
Fossa | Do lat. fossa, fossae, de fodere (= cavar, escavação, cova). |
Frontal | Do lat. frontalis (= que pertence à fronte ou à frente). |
| |
Gânglio | Do gr. gánglion, pelo lat. ganglion, ganglii (= tumor, inchaço, pequenos corpos de forma e estruturas variáveis, de que se distinguem duas espécies: gânglios linfáticos (linfonódulos) e os gânglios nervosos. |
Geniculado | Do lat. geniculatus (= dobrado em forma de geniculum; joelho). |
Glândula | Do lat. glandula, glandulae (= diminutivo de glans, glandis (= bolota, glande)). Em gr. adén, adenos (= glande). |
Glia | Do gr. glia (= cola). |
| |
Humor | Do lat. humor, humoris. Em gr. chymós, chymoü (= suco, líquido, fluido). |
| |
Íris | Do gr. iris, iridos, pelo lat. iris, iridis (= arco-íris). |
| |
Lágrima | Do lat. lacrima, lacrimae. Em gr., dácryon (= lágrima; gota de seiva). |
Lâmina | Do lat. lamina, laminae. Em gr., elasmós, ou (= pedaço muito fino, folha, chapa, lâmina). |
Lateral | Do lat. Lateralis (= afastado do plano mediano ou da linha média de um corpo ou estrutura; relativo a lado). |
Lente | Do lat. lens, lentis (= lentilha - usado devido à semelhança de forma entre as lentes de vidro e aquele grão vegetal). |
Ligamento | Do lat. ligamentum, i (= ligadura, atadura). |
Limbo | Do lat. limbus, i (= borda ou margem; orla). |
| |
Mácula | Do lat. macula, maculae (= mancha, mácula). |
Margem | Do lat. margo, marginis (= beira, borda, margem). |
Maxila | Do lat. maxilla, maxillae (= queixada, queixo). |
Maxilar | Do lat. maxillaris, maxilare. Em gr., gnátos, gnáton (= maxilar, queixal). |
Medial | Do lat. mediale, medialis (= próximo do plano mediano ou da linha média de um corpo ou estrutura; relativo ao meio) |
Membrana | Do lat. membrana, membranae (= película, membrana). |
Meninge | Do gr. menix, meningos por intermédio do lat. meninge (= membrana muito fina; meninge). |
Mental | Do lat. mentum, menti (quando se refere ao queixo); do lat. mens, mentis (quando se refere ao espírito). |
Músculo | Do lat. musculus, diminutivo de mus, muris (= camundongo). Talvez porque o tamanho e formato do músculo bíceps braquial tenham sido considerados semelhantes aos de um pequeno rato se movimentando sob a pele. A mesma analogia acontece em grego: mys (=rato), origem do prefixo "mio". |
| |
Nervo | Do lat. nervus, nervi (= nervo, corda, tendão). |
Neuroglia | Do gr. neuron (= nervo) e glia (= cola). |
| |
Oblíquo | Do lat. obliquus, a, um (= oblíquo, curvo, torto; que está de esguelha). Em gr., loxós (= direção oblíqua, curvo). |
Oftálmico | Do gr. ophtalmikós (= relativo aos olhos, ocular). |
Óptico | Do gr. optikós (= relativo à vista, visual); optormai (= eu vejo). |
Orbicular | Do lat. orbicularis, e, derivado de orbis, orbis (= toda figura circular, anel, rodinha). Em Gr. kiclikós (= circular, redondo). |
Órbita | Do lat. orbita, orbitae, de orbis, orbis (= toda figura esférica ou circular). Em gr. perifora, es (= 1. cavidade do olho; 2. percurso de um planeta). Orbitário (= que tem relação com a órbita). |
Osteologia | Do gr. osteologia de osteon (= osso) + logia (= ciência, estudo). |
Ótico | Do gr. otikós, de oûs, otós (= relativo ao ouvido). |
| |
Palatino | Do lat. palato + ino (= que se refere ao palato). |
Pálpebra | Do lat. palpebra, palpebrae, de palpare (Relaciona-se com tatear, tocar, aplacar, acalmar; para proteger e lubrificar o olho). |
Papila | Do lat. papilla, papillae (são pequenas eminências mais ou menos salientes, cônicas, que se elevam de uma superfície). |
Pele | Do lat. pellis, pellis (= cútis, couro). Em gr. dérma, dermatos. |
Periósteo | Do gr. periósteon, de peri (= em volta de, em torno de) e ostéon (= osso). |
Pia-máter | Do lat. pia (= piedosa) e mater (= mãe). |
Pupila | Do lat. pupilla, pupillae, diminutivo de pupa, pupae (= menina). Em gr., kóre, kóres (= menina). |
| |
Quiasma | Do gr. chíasma, chiásmatos (= disposição em forma de cruz). |
R | |
Raiz | Do lat. radix, radicis (= raiz). Em gr., riza, rizes (Figurado: base, fundamento, fonte, origem). |
Ramo | Do lat. ramus, rami. Em gr. ózos, ózon e kládos, kládon (= ramo). |
Retina | Do lat. retina, retinae, de rete, retis (= teia ou rede). |
| |
Septo | Do lat. saeptum, septi (= parede, muro). Em gr., diaphragma, diaphrágmatos (= separação). |
Supercílio | Do lat. supercillium, supercilli, de super (= acima) e cilium, cillii (= pestana superior, sobrancelha). |
| |
Tróclea | Do gr., trochalía, trochalías (= polia, molinete); pelo lat. trochlea, trochleae (= guindaste, roldana, polé). |
Túnica | Do lat. tunica, tunicae (= vestido). Em gr., chitón, chitonós (= vestimenta de baixo, túnica). Toda membrana que forma ou concorre para formar paredes de um órgão. |
| |
Unguis | Do lat. unguis, unguis (= unha). |
Úvea | Do inglês uvea. Em gr., chorioeidés (= semelhante a uma membrana, revestimento), de chorión (= membrana). |
| |
Veia | Do lat. vena, venae. (= vaso de sangue) Do gr. Flebos. (origem do termo flebite). |
Vórtex | Do lat. vortex, vorticis (= turbilhão, redemoinho). Em gr. strómbos, strómbon (= turbilhão). |
| |
Zigomático | Do gr. zugoma + ataxo (= armação, peça de sustentação). |
REFERÊNCIAS
1. Atta HM. Edwin Smith Surgical Papyrus: the oldest known surgical treatise. Am Surg. 1999;65(12):1190-2.
2. Encyclopædia Britannica Online. Anatomical nomenclature. [Internet]. London: Encyclopaedia Brittanica. [cited 2007 June 8]. Available from: http://www.britannica.com/eb/article-284/anatomy
3. Federative International Committee on Anatomical Terminology. Terminologia Anatomica: International Anatomical Terminology. Stuttgart: Thieme; 1998
4. Sociedade Brasileira de Anatomia. Comissão Federativa da Terminologia Anatômica, Terminologia Anatômica Internacional. São Paulo: Manole; 2001.
5. Abib FC, Oréfice F. Terminologia anatômica utilizada em oftalmologia. Arq Bras Oftalmol. 2005;68(2):273-6.
6. Lamy R, Pecego MG, Netto CF, Lima PH, Dantas AM. Avaliação do conhecimento da terminologia anatômica pelos oftalmologistas. Arq Bras Oftalmol. 2007;70(4 Supl):46-7.
7. Dantas AM. Anatomia funcional do olho e seus anexos. Rio de Janeiro: Colina; 2002.
8. Oréfice F, Bonfioli AA, Boratto LM. Biomicroscopia e gonioscopia: texto e atlas. 2ª ed; Rio de Janeiro: Cultura Médica; 2001.
9. Belfort Jr R, Kara-José N. Córnea: clínica cirúrgica. São Paulo: Roca; 1997.
10. Rodrigues ML, Dantas AM. Oftalmologia clínica. Rio de Janeiro: Cultura Médica; 2001.
11. Alves AA. Refração. 5ª ed. Rio de Janeiro: Cultura Médica; 2005.
12. Moreira H, Moreira SM, Moreira LB. Lentes de contato. 3ª ed. Rio de Janeiro: Cultura Médica; 2004.
13. Yamane R. Semiologia ocular. 2ª ed. Rio de Janeiro: Cultura Médica; 2003.
14. Moreira Jr CA, Freitas D, Kikuta HS. Trauma ocular. Rio de Janeiro: Cultura Médica; 2000.
15. Oréfice F. Uveite: clínica e cirúrgica: texto e atlas. 2ª ed. Rio de Janeiro: Cultura Médica; 2005.
16. Dias JFP, Almeida HG. Glaucoma. 2ª ed. Rio de Janeiro: Cultura Médica; 2000.
17. Rezende F. Cirurgia de catarata. Rio de Janeiro: Cultura Médica; 2002.
18. Dantas AM, Monteiro ML. Doenças da órbita. Rio de Janeiro: Cultura Médica; 2002.
19. Abreu G. Ultra-sonografia ocular: atlas e texto. 3a ed. Rio de Janeiro: Cultura Médica; 2002.
20. Padilha M. Catarata. Rio de Janeiro: Cultura Médica; 2003.
21. Souza-Dias CR, Almeida HC. Estrabismo. 3a ed. São Paulo: Roca; 1998.
22. Hofling-Lima AL, Melamed J, Calixto N. Terapêutica clínica ocular. São Paulo: Roca; 1995.
23. Soares EJ, Moura EM, Gonçalves JO. Cirurgia plástica ocular. São Paulo: Roca; 1997.
24. Abujamra S, Ávila M, Barsante C, Farah ME, Gonçalves JO, Lavinsky J, et al. Retina e vítreo: clínica e cirurgia. São Paulo: Roca; 2000.
25. Kara-José N, Almeida GV, organizadores. Senilidade ocular. São Paulo: Roca; 2001.
26. Alves MR, Chamon W, Nosé W, editores. Cirurgia refrativa. Rio de Janeiro: Cultura Médica; 2003.
27. Piatto VB, Batigália F, Neves AP. Terminologia médica e o uso de epônimos. HB Científica 2000;7(3):183-8.
28. Whitmore I. Terminologia anatomica: new terminology for the new anatomist. Anat Rec. 1999;257(2):50-3.
29. Coelho PJ. Vocabulário de termos anatômicos. Juiz de Fora: Universidade Federal de Juiz de Fora; 1967.
30. Feneis H. Dicionário ilustrado de anatomia. 4ª ed. Rio de Janeiro: Cultura Médica; 1976.
31. Mitchell GA. Nomina anatomica. 3th ed. Amsterdam: Excerpta Medica Foundation; 1968.
32. Renard G, Lemasson C, Saraux H. Anatomie de l'oeil et de ses annexes. Paris: Masson; 1965.
33. Dorland NW. Dorland's illustrated medical dictionary. Philadelphia: W.B. Saunders; 2007.
34. Heckler E, Back S, Massing E. Dicionário morfológico da língua portuguesa. Rio Grande do Sul: Unisinos; 1984.
35. Houaiss A. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva; 2001.
36. Machado JP. Dicionário onomástico etimológico da língua portuguesa. Lisboa: Livros Horizonte; 1987.
37. Saraiva FRS. Novíssimo dicionário latino-português. 10ª ed. Rio de Janeiro: Garnier; 1993.
38. Pereira I. Dicionário grego-português e português-grego. Braga, Portugal: Liv. Apostolado da Imprensa; 1998.
Endereço para Correspondência:
Ricardo Lamy
Hospital Universitário Clementino Fraga Filho
Av. Brigadeiro Trompowsky, s/nº - 11º sndar
Dept. de Otorrino e Oftalmologia - Bloco F - Sala 14
Rio de Janeiro (RJ) CEP 21941-590
E-mail: [email protected]
[email protected]
Recebido para publicação em 15.07.2007
Última versão revisada em 13.02.2008
Aprovação em 05.03.2008
Trabalho realizado no Departamento de Otorrinolaringologia e Oftalmologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ - Rio de janeiro (RJ) - Brasil.
Nota Editorial: Depois de concluída a análise do artigo sob sigilo editorial e com a anuência do Dr. Carlos Ramos Souza Dias sobre a divulgação de seu nome como revisor, agradecemos sua participação neste processo.