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Editorial

O cidadão da Amazônia

Cláudio Chaves1

DOI: 10.1590/S0004-27492006000500030

NOTAS E INFORMAÇÕES

 

O cidadão da Amazônia

 

 

Cláudio Chaves*

 

 

No dia dez de agosto próximo passado, a Assembléia Legislativa do Estado do Amazonas, em solenidade especial com a presença de autoridades e convidados, outorgou o Título de Cidadão do Amazonas (o maior galardão da Casa do Povo amazonense) ao Professor Doutor Rubens Belfort Mattos Júnior – professor titular do Departamento de Oftalmologia da Universidade Federal de São Paulo –, em reconhecimento aos relevantes serviços prestados a esse Estado brasileiro, por esse insigne mestre e pesquisador das Ciências da Visão, cujo curriculum vitae registra incontáveis páginas de bons serviços à população da Amazônia.

A proposta de autoria do deputado e médico Risonildo Carneiro de Almeida, através do Projeto de Lei nº 13, aprovado em plenário no dia 8 de outubro de 2003, veio ratificar os bons feitos que o nosso Rubinho (como assim é alcunhado por seus colegas, parentes e amigos) vem prestando aos povos da Amazônia brasileira, há quase trinta anos, em atividades de assistência médica, ensino, pesquisa e extensão em Oftalmologia.

A exemplo de seus genitores – o não menos notável e saudoso Professor Doutor Rubens Belfort Mattos, que num gesto altruísta realizou estudo oftalmológico pioneiro nos indígenas brasileiros do rio Xingu, e de dona Rosa (inclusive de nome) cujo o espírito dadivoso é uma de suas marcas –, Rubinho também vem fazendo, de suas prioridades de vida, atos dadivosos de se doar aos menos favorecidos, e escolheu a gleba amazônica para se dedicar como se lá tivesse nascido.

São quase três décadas de serviços memoráveis dedicados à Amazônia, como descrevemos a seguir:

1. No final dos anos setenta, Rubinho integra a equipe multidisciplinar pioneira para o estudo da Oncocercose nos índios Ianomâmis da divisa do Brasil com a Venezuela;

2. No ano de 1984, Rubinho lidera movimento no Conselho Brasileiro de Oftalmologia para a realização de um Congresso Brasileira de Prevenção da Cegueira em Manaus, o qual se materializou no ano de 1992;

3. Em 1993 Rubinho é o grande artífice para o estabelecimento de intercâmbio da Escola Paulista de Medicina com o Instituto de Oftalmologia de Manaus para o desenvolvimento do Programa de Residência Médica em Oftalmologia e Curso de Especialização em Oftalmologia, únicos na região Norte do país. Face a escassez de preceptores especializados àquela época, esse apoio foi imperioso para a materialização desse desiderato;

4. No correr do ano de 1998, Rubinho com sua equipe vem trabalhar, voluntariamente, no Programa de Alfabetização Solidária, no paupérrimo município de Pauiní (rio Purus), onde são realizados atendimentos oftalmológicos, cirurgias oculares e pesquisas de doenças endêmicas da Amazônia, identificando uma nova forma de ceratite puntiforme, causada por Mansonelose ou outro tipo de filariose que compromete o aparelho visual;

5. No início do novo milênio, novamente, Rubinho atendendo chamamento da professora Ruth Cardoso (então primeira-dama do país), com a sua equipe e pesquisadores do Amazonas, realiza pesquisa sobre a epidemia de Tracoma nos indígenas Aruakes, Macus, Tucanos e Ianomâmis no longínquo município de São Gabriel da Cachoeira (comunidade de Pari Cachoeira, rio Tiquié) na divisa do Brasil com a Colômbia;

6. No ano em curso de 2006, Rubinho, mais uma vez, se doa à Amazônia estendendo um braço operativo da Escola Médica em que é catedrático para ministrar doutorado em Oftalmologia na floresta do Amazonas em programa de intercâmbio da Escola Paulista de Medicina com o Instituto de Oftalmologia de Manaus e a Universidade Federal do Amazonas.

Por isso, quando uma pessoa abraça uma causa como missão para servir, desinteressadamente, fazendo disso um verdadeiro sacerdócio, nada mais justo que o reconhecimento da sociedade, de seus pares e dos representantes do povo, em conferir os louros e outorgar as láureas a quem, pelo trabalho e pelo conceito, fazem por merecê-los, como é o caso do homenageado em epígrafe.

Por toda essa folha de bons serviços, o trabalho meritório que o Professor Doutor Rubens Belfort Júnior vem realizando em prol da saúde ocular da população da Amazônia brasileira, tem lugar de destaque e registro indelével na história dos povos sofridos dessa grandiosa e ainda enigmática região.

Querido Rubinho os seus, a partir de agora, conterrâneos amazônidas lhes dizem MUITO OBRIGADO e pedem que Deus continue a mantê-lo sob a Sua Proteção e a Sua Guarda.

 

Parabéns!

 

 

* Cláudio Chaves é Vice-Presidente do Conselho Brasileiro de Oftalmologia.


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