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Editorial

Macrovaso retiniano congênito: relato de caso

Congenital retinal macrovessel: case report

Rodrigo Tavares Schueler1; Oswaldo Ferreira Moura Brasil2; Fernando Kimura1; Haroldo Vieira de Moraes Jr1

DOI: 10.1590/S0004-27492005000300026

RESUMO

O macrovaso retiniano congênito é rara anomalia vascular em que um vaso grande e suas tributárias cruzam a mácula. Descrevemos um caso de macrovaso retiniano em paciente com queixa de baixa acuidade visual.

Descritores: Malformações arteriovenosas; Doenças retinianas; Retina; Vasos retinianos; Fluxo sanguíneo regional; Acuidade visual; Relato de caso

ABSTRACT

Congenital retinal macrovessel is a rare vascular anomaly in which a large vessel and its tributaries cross the macula. We describe a case of retinal macrovessel in a patient complaining of decrease in visual acuity.

Keywords: Arteriovenous malformations; Retinal diseases; Retina; Retinal vessels; Regional blood flow; Visual acuity; Case report


 

 

INTRODUÇÃO

O macrovaso retiniano congênito é um vaso grande, geralmente uma veia, que atravessa a mácula central e possui grandes tributárias estendendo em ambos os lados da rafe horizontal(1).

O quadro típico desta rara anomalia vascular é de acometimento unilateral, oftalmoscopicamente estável e com excelente prognóstico visual. A seguir, descrevemos um caso de macrovaso retiniano congênito.

 

RELATO DO CASO

Homem, 32 anos, branco, auxiliar de escritório, natural do Rio de Janeiro, procurou serviço de urgência oftalmológica, queixando-se de baixa acuidade visual no olho direito. Negava patologias sistêmicas ou oculares.

Ao exame, apresentava acuidade visual sem correção igual a 0,8 no olho direito (OD) e 1,0 no olho esquerdo (OE). Sua refração era plana em ambos os olhos (AO). O exame do segmento anterior foi normal em AO, assim com a pressão intra-ocular, igual a 14/13 mmHg. A fundoscopia revelou, em OD, macrovaso retiniano (Figura 1), com origem na veia temporal inferior, atravessando a rafe horizontal e contornando a fóvea. A angiografia fluoresceínica do OD evidenciou, na fase venosa precoce, o retorno do contraste ocorrendo inicialmente no macrovaso (Figuras 2 e 3).

 

 

 

 

 

 

DISCUSSÃO

Apesar do quadro clínico característico não envolver baixa da acuidade visual, excepcionalmente esta pode ocorrer caso o vaso passe através da fovéola, se formarem cistos foveolares ou caso ocorra hemorragia(2-4). A hemorragia, com baixa súbita e significativa da visão, foi associada à manobra de Valsalva e também a comunicações arteriovenosas em casos distintos(5-6). Alguns casos foram descritos associados a queixas como flutuação da visão e moscas volantes(7-8).

A angiografia fluoresceínica com retorno do contraste inicialmente pelo macrovaso retiniano sugere presença de anastomose arterio-venosa perifoveal conforme descrito na série de casos que descreveu comunicações arterio-venosas em 4 dos 7 casos(1). Alguns autores relataram um caso com anastomose ciliario-retiniana que pode ter favorecido quadro exsudativo, decorrente de passeio de montanha-russa(6).

A anastomose arterio-venosa descrita nos casos de macrovaso retiniano podem ser classificadas como do tipo I, caracterizadas por plexo capilar arterial cruzando grandes vasos de ligação(9).

Acreditamos que, em nosso caso, possa ter ocorrido algum quadro exsudativo, levando o paciente a queixar-se de baixa acuidade visual. Contudo, na ocasião da angiografia o quadro já se encontrava resolvido, ficando evidenciado apenas a anomalia congênita com comunicação arterio-venosa.

 

REFERÊNCIAS

1. Brown CG, Donoso LA, Margargal LE, Goldberg RE, Sarin LK. Congenital retinal macrovessels. Arch Ophthalmol. 1982;100(9):1430-6.        

2. de Crecchio G, Mastursi B, Alfieri MC, Pignalosa B. Congenital retinal macrovessel. Ophthalmologica. 1986;193(3):143-5.        

3. Chronister CL, Nyman NN, Meccariello AF. Congenital retinal macrovessel. Optom Vis Sci. 1991;68(9):747-9.        

4. Soltau JB, Olk RJ, Gordon JM. Prepapillary arterial loop associated with vitreous hemorrhage and venous retinal macrovessel. Retina. 1996;16(1):74-5.        

5. de Crecchio G, Pacente L, Alfieri MC, Greco MC. Valsalva retinopathy associated with a congenital retinal macrovessel. Arch Ophthalmol. 2000; 118(1): 146-7.        

6. Beatty S, Goodall K, Radford R, Lavin MJ. Decompensation of a congenital retinal macrovessel with arteriovenous communications induced by repetitive rollercoaster rides. Am J Ophthalmol. 2000;130(4):527-8.        

7. Spraul CW, Lang GE. [Congenital retinal macrovessel]. Klin Monatsbl Augenheilkd 1997;211(6):406-7. Germany.        

8. Mortemousque B, Bertel F, Diemer C, Barac'h D, Vérin P. [Hereditary retinal macrovessel. Report of 2 cases]. J Fr Ophtalmol. 1999;22(10):1064-6. French.        

9. Archer DB, Deutman A, Ernest JT, Krill AE. Arteriovenous communications of the retina. Am J Ophthalmol. 1973;75(2):224-41.        

 

 

Endereço para correspondência
Oswaldo Ferreira Moura Brasil
Av. Epitácio Pessoa, 900/101
Rio de Janeiro (RJ) CEP 22471-000
E-mail: [email protected]

Recebido para publicação em 25.06.2004
Aprovação em 04.03.2005

 

 

Trabalho realizado no Departamento de Oftalmologia do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).


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