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Editorial

O que há nesse número dos ABO?

What's new in this issue of the ABO?

Paulo Schor1

DOI: 10.1590/S0004-27492010000400001

EDITORIAL

 

O que há nesse número dos ABO?

 

What's new in this issue of the ABO?

 

 

Paulo Schor

Professor adjunto livre-docente - UNIFESP - São Paulo (SP), Brasil

 

 

Esse primeiro editorial "temático" dos ABO procura retratar aspectos interessantes aos editores, dos artigos e revisões submetidas e aceitas para publicação. Analisar os artigos externamente, chamando atenção para aspectos gerais e originais é um desafio para os editoriais desse periódico. Vemos exemplos desses editoriais em jornais científicos de todo o mundo, com boa repercussão e utilidade.

Nesse número, os leitores vão encontrar um empate técnico entre artigos originais relacionados a glaucoma e cirurgia refrativa, e a predominância de artigos sobre córnea e doenças oculares externas.

Vários tópicos são de utilidade prática como as atualizações continuadas, que nos mostram a evolução da cirurgia de estrabismo, mais empírica do que matemática, e o uso de cloroquina, com alterações oculares reversíveis e não reversíveis.

A análise da tecnologia permeia a maioria dos artigos, com avaliação satisfatória, mas não revolucionária da cola de fibrina na cirurgia de pterígio, e do mesmo modo incremental, mas não extremo, o uso de anti-inflamatórios não hormonais intravítreos no edema macular diabético. Resultados populacionais nacionais são de elevada importância na formação de política de saúde publica ocular, e vemos pela primeira vez a real prevalência de tracoma folicular em crianças (2,9%) e de pterígio (8,12%) em uma cidade do interior do estado de São Paulo, bem como a incidência de ceratites microbianas em idosos sendo correlacionada a cirurgias prévias (transplantes de córnea predominantemente).

A utilidade de aparelhos oftalmológicos é muito bem demonstrada na boa avaliação do HRT2 para seguimento de pacientes com glaucoma avançado, na critica ao uso intercambiável de tomógrafos e topógrafos de segmento anterior e na demonstração de que mesmo cirurgiões inexperientes conseguem ótimos resultados com o auxilio de laseres guiados por frente de onda nas correções de vícios refrativos.

Chama atenção o uso extenso que se dá a ferramentas de estatística e informática nesse número. No artigo que trata da análise de escavação/disco se construiu um programa computacional para testar a capacidade do ser humano na detecção de assimetrias. O artigo que estuda o diagnóstico de ceratocone por diferentes métodos usa das análises conjuntas para concluir que somente um parâmetro não permite detectar córneas doentes. O artigo que revela a prevalência de tracoma sugere e faz uso de geoprocessamento para indicar áreas de risco para a doença. Tais inovações soam bem-vindas e tornam a ciência dinâmica e mais bem aparelhada.

Finalmente cabe ressaltar dois artigos que tratam de medidas fisiológicas em situações anormais, como a PIO no glaucoma e o piscar em olhos anestesiados. Do primeiro depreende-se que a medida das 6 h da manhã, no escuro, com o indivíduo ainda deitado, é de utilidade indiscutível no diagnóstico dos picos de pressão em glaucomatosos e normais, e a partir do segundo entendemos que a hipoestesia diminui a frequência do piscar mas não a distribuição de seus intervalos.


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